11 de dezembro de 2010

CORAÇÃO VIOLADO
Amaro Vaz



Um coração que é gaiola e janela
É mais que um coração, é um complexo
É mais que o sentir, num simples verso
O beijo torto que a paixão revela.

É coração que vem à boca, de feliz
Tamanha a emoção acomodada
Quer minha fala, se sentir aprisionada
Por este coração, ela nos diz.

Quando em janela, eu sei que voarei
Outras moradas, mas sempre estarei
De volta ao ninho, no final da tarde.

Quando em gaiola, eu dormirei sereno
O justo sono, na paz, calmo e sereno
Porque não é preso, quem ousa a liberdade.
AVE SOLITÁRIA
Amaro Vaz


A nossa felicidade
Fugiu na cauda do vento.
Deixando, apenas, saudade
Nas coisas do sentimento.

Não deu-me a oportunidade
De mostrar ao pensamento.
Que e o escuro e a claridade
Vivem ao sabor do vento.

Hoje eu choro a desventura
Os horrores da amargura
De uma triste e grande dor.

Qual ave de arribação
Deixo que o meu coração
Acalme esse louco amor.


A POESIA
Amaro Vaz


Aos irmãos Jenário e Ana Barreto

Com a poesia eu aprendi que a amizade
Tem quase sempre a feição de um santo.
Por isso é cheia de prazer, encanto
É a contracapa da felicidade.

Quando é fundamentada na verdade
Tem o dom divino de secar um pranto.
A voz maravilhosa de um acalanto
A primazia de ser a nossa metade.

Com a poesia eu aprendi que o sentimento
É como um sonho, que se perdeu no tempo
Para amadurecer bem devagar.

Com a poesia eu aprendi, faz alguns anos
Que não sou escravo da dor, dos desenganos
E que somente em versos sei chorar.