7 de dezembro de 2009

VELHICE
Amaro Vaz


Tantos pardais, - nenhuma andorinha-
Vejo nas praças da minha velhice
Vem a saudade, eu vôo à meninice
E ao voar, tremula a velha asinha.

Cresci, envelheci, eu sei... dignamente
Por isso eu me orgulho do passado
Até aquele antigo passo errado
Promove o conhecer-me plenamente.

Voltando às andorinhas de outrora
Eu tento descobrir o dia e a hora
Do vôo cego... da minha despedida.

Espero, que não me expulsem, os pardais
Sou uma velha andorinha, nada mais...
Deixe-me, em paz, dizer adeus à vida.

PAIXÕES ANÁRQUICAS
Amaro Vaz


O teu amor era uma gota de orvalho
Um quase nada, um gostar pequeno
Soubesse eu... Que eras filha do sereno
Jamais, me permitiria este ato falho.

Só mesmo um cara louco, um delinqüente
Pra se envolver com uma gota abandonada
Na ponta da roseira, no galho pendurada
Exposta o sol, para morrer mais quente.

De hoje em diante, serei bem mais atento
Vou namorar a brisa.... a irmã do vento
Que vem me visitar todos os dias.

Sempre correndo, eu sei, ela volta sempre
Para dizer, que me ama, e eu tão carente
Dou crédito às novas e loucas fantasias.
OUTRAS SOMBRAS
Amaro Vaz


No pessimista o sol de cada dia
É um incômodo, a razão da sombra
A claridade, a luz, tudo lhe assombra
Tudo lhe rouba a paz, a alegria.

Que Deus me livre, desta praga humana
Que nada vê, além do próprio umbigo
Bem cedo eu aprendi, meu rumo eu sigo
Sozinho, hei de cuidar da minha chama.

Porque no pessimista, o que importa
São os débitos, defeitos, tudo anota
Nada escapa de seu giz vermelho.

Na minha vida, que é um sol de alegria
Se eu tivesse muita grana, eu doaria
A todo pessimista um espelho.

VOARES TANTOS
Amaro Vaz


Eu já voei nas asas de um cometa
Em pensamentos, eu já voei o mundo
Voei os desencontros, o submundo
Só não voei na aflição, de tarja preta.

Eu já voei, em balões de gás inerte
Nas pipas coloridas, quando criança
Voei a realidade, na lembrança
Nos carnavais voei, era o confete.

Voei, porque voar era uma tática
A vida de quem voa, não é estática
E o sonho de quem voa é o infinito.

Voei, porque jamais eu tive medo
Porque voar é o melhor brinquedo
E além do mais, ainda, o mais bonito.

TOLERÂNCIA
Amaro Vaz


Eu reconheço, é preciso tolerância
Para manter a calma, o bom senso
O ser humano, eu às vezes penso
É fruto da maldade e da arrogância.

Quando atingido, procuro em meu canto
Buscar a luz, reacender a minha chama
Não me permito o ódio, se ele inflama
Dou-lhe porrada, meto o pé, espanto.

Porém, eu sempre irei dizer... Modere!
Segura as ondas, não se meta, espere
Somente o tempo há de mudar a rota.

Não quero papo, estou de quarentena
Deu pra notar, sua mente é tão pequena
Que o verso sofre e a rima se faz torta.